Vocação - Estresse - Trabalho

Os paciente reclamam de cobranças e pressões no trabalho. Queixam de sintomas de ansiedade, insônia e alteração do humor.

Abordo a questão da seguinte maneira. Para muitos pacientes o primeiro quesito que define a escolha da profissão é a necessidade. Necessidade de obter remuneração, salário, algum valor em dinheiro para sobreviver. A sobrevivência é o imperativo, justo e correto.

A vocação é outra preliminar determinante. Gostar daquilo que faz. Este critério deveria prevalecer sobre os demais. A primazia vocacional.

Em terapia de grupo:

- a paciente M disse que cuida do comércio próprio, tem três filhos, trabalha no serviço doméstico, lava, cozinha e limpa. O marido trabalha com ela no comércio mas a noite vai para a faculdade.

Como terapeuta expliquei que em determinado momento é necessário pagar uma diarista. Pagar alguém para fazer o serviço doméstico uma vez por semana diminui a sobrecarga, pois é impossível dar conta de tudo, trabalhar fora de casa, ser mãe. ser esposa, cumprir com os afazeres da casa, frequentar academia de ginástica.

- O paciente S diz que o pai faleceu há três meses, de câncer, e agora é a mãe também com câncer, em estado terminal. Diz não ter cabeça para trabalhar.

Num determinado momento tudo acontece, doenças familiares que exigem que alguém tenha  disponibilidade para estar presencialmente com a mãe. Como  a jornada de trabalho consome mais de doze horas o filho entra em conflito pois deseja cuidar da mãe, mas não tem tempo, ai surge a ideia de pedir demissão do emprego.

A  paciente Joana trabalhou por duas décadas na área de comunicação, TV e rádio, foi demitida. Movida pela necessidade buscou emprego para conseguir o salário objetivando arcar com as despesas domésticas. Foi contratada na mineração na área de segurança patrimonial em horário de turno, dois anos depois surtou, em crise depressiva pensando em suicidar, delirando e alucinando, surto psicótico.

Como este relato de Joana acontecia no grupo a paciente Sônia interveio:

- eu procurei meu equilíbrio no artesanato e na leitura, sou dona de casa, estudei pouco, fiz apenas o Mobral. Sempre gostei de ler. Leitura religiosa é a minha preferência, então eu digo para você Joana, arrume algo para fazer que goste  e que lhe dê prazer, esta é uma maneira boa de aguentar a dureza da vida.

Como terapeuta e com formação na área de hipnoterapia propus ao grupo o exercício de relaxamento. Que todos pudessem acomodar na cadeira do modo mais confortável, respirasse profundamente e fechassem os olhos. Depois do relaxamento muscular progressivo iniciado pelos pés até a cabeça, sugeri que pensassem, analisassem e refletissem sobre duas coisas, que cada gostava de fazer a semelhança de Sônia que sentia bem na leitura e no artesanato, agora havia chegado o momento de você que está aqui lembrar, relembrar duas coisas que dão prazer e satisfação.

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