Imagens da infância e hipnoterapia de grupo

Dr. Júlio César de Almeida Barros Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo. Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

A visualização criativa é uma habilidade que pode ser aproveitada em diversas áreas da medicina e da psicologia. Utilizo este recurso em meus pacientes quando participam da terapia de grupo.

A visualização, ou a imaginação possui um poder de cura extraordinário. Esta afirmação é comprovada na literatura científica. Diariamente, antes de atender os pacientes individualmente, realizo uma dinâmica de grupo, por uma hora e meia.

No dia de hoje, expliquei aos pacientes da experiência infantil. As crianças imaginam e brincam com objetos, por exemplo, os meninos brincam com carrinhos, e imaginam que estes carrinhos estão voando ou estão em alta velocidade. As meninas brincam com as bonecas e elas imaginam as bonecas cozinhando e conversam com as bonecas. Estas fantasias, este mundo mágico deixam as crianças felizes.

Muitas crianças conseguem manter suas mentes saudáveis graças às estas fantasias, o faz de conta.

Com doze pacientes presentes, perguntei se alguém queria falar de algo que imagina no dia a dia, os pensamentos e as idéias que passam pela mente. Um dos pacientes relatou:

- Na verdade, usei minha imaginação para pensamentos ruins. Imaginava que estava num velório, e imaginei que o defunto era eu. A depressão era tamanha que invejei o defunto. Eu queria estar ali no caixão no lugar dele.

- Eu estava numa depressão terrível, queria isolar e não queria conversar com ninguém, não queria sequer tomar banho

Explico:

- Neste caso, é a utilização da imaginação para pensamentos negativos. Pensamento típico, de pessoas deprimidas. Este tipo de pensamento ou imagens nos provoca sofrimento.

Então, poderíamos afirmar que a visualização positiva, é uma boa alternativa para os pacientes deprimidos. Não somente para os deprimidos, mas para qualquer pessoa. Utilizo deste procedimento há muitos anos, e ainda não detectei nenhum efeito colateral. Constato apenas benefícios aos pacientes.

Dirigindo-me ao grupo, sugeri que fechassem os olhos, e respirassem fundo. O que é mais importante acomodasse na cadeira da melhor maneira que lhe conviessem. Em seguida sugeri que pudessem utilizar a imaginação. Imaginassem o tempo de infância, quando eram crianças, como brincavam. Recordassem, lembrassem de como eram na casa do papai e da mamãe. Do vovô e da vovó. Se alguém contava estórias, e como eram as estórias.

Ao abrir os olhos duas pacientes relataram experiências antigas:

“eu brincava e sonhava que estava no mar, eu pegava um barquinho de papel, e era como seu estivesse dentro um navio. Eu queria tanto conhecer o mar e ir à praia. Quando meu pai me levou na praia foi um dos dias mais felizes da minha vida”

“eu gostava de aulas de educação física, eu estava com sete anos, e a professora falava assim: imagina que você vai correr e pular por cima daquela corda. Outras vezes ela falava você vai passar por baixo daquela corda, mas não tinha corda, era só na imaginação, mas eu adorava aquela brincadeira. Até hoje quando estou em dificuldade lembro-me da minha professora desafiando a gente passar por aquelas cordas, isto me ajudou a superar determinadas dificuldades.”

As imagens que surgiram, o mar, barquinho de papel, pular a corda foram associadas a experiências agradáveis alcançar objetivos, felicidade e superação de dificuldades. O psicoterapeuta pode estimular ou até mesmo ensinar o paciente a criar imagens que lhe serão altamente favoráveis ao equilíbrio emocional.

 

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