Hipnoterapia breve - Caso Augusty - Síndrome do pânico

Dr. Júlio César de Almeida Barros Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo. Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

Augusty solteiro, trabalha nas empresas da família. São três lojas, uma filial é administrada pelo pai, e as outras duas lojas localizadas na cidade onde Augusty reside.

A mãe gerencia uma loja e o irmão diz ser dono de uma das lojas. Augusty não tem função definida em nenhuma das lojas, atua como substituto em todas três, embora, considere desempenhar maiores tarefas na filial. Em novo investimento, a família parte para inaugurar a quarta loja, e a seu juízo, esta, ficará sob sua responsabilidade.

São dez meses de tratamento. Uma sessão por semana, pontual e sem nenhuma falta. Em quase todas as sessões foram feitas induções ao transe, e, naquelas que deixei de propor a regressão dirigida (RD), o paciente pediu, solicitou e diz sentir melhor nas sessões quando o relaxamento é realizado.

Na primeira entrevista propus o exercício mental, sugestão e indução ao relaxamento corporal.  Aceitou sem resistência. No relaxamento, de olhos fechados, enfatizei, pausadamente, cada parte do corpo,  dos pés a cabeça. Após o transe,  de olhos abertos, manifestou ter sentido uma pequena cólica intestinal. Completando a hora da sessão continua falando dos seus sintomas, da primeira crise, de como foi parar num setor de emergência do hospital geral, depois foi a um psiquiatra, tomou anafranil, sentiu fortes efeitos colaterais. Deseja se possível não tomar psicotrópicos.

Nos três primeiros meses o tratamento evoluiu bem, com remissão total dos sintomas. Em RD, aos tempos de infância, sugerindo estar na sala, no grupo escolar, recorda o enorme medo que representava preparar para ira a escola, o simples fato de vestir o uniforme provocava calafrios. Chorava, não queria ir, sentia dores de barriga. Associa as cólicas que sente até hoje com a época da escola primária. Mesmo quando está no trabalho, próximo a um grupo de pessoas, ou quando está na sala de aula, cursinho, pré-vestibular, as cólicas retornam, sente envergonhado e é obrigado a dirigir-se ao banheiro mais próximo.

Noutra sessão, em regressão dirigida (RD), conta um sonho sempre presente em sua mente. Sonha estar gangorrando sobre um rio próximo a sua casa. Ora o rio está cheio, ora está vazio. Não gosta desse sonho, sente medo. Tento forçar associações, sem sucesso. ‘’Já sonhei várias vezes com este sonho, parece não me largar. ’’

No inicio de quase todas as sessões, tem necessidade de avaliar seu estado semanal, assegurar, certificar que não passou mal, ou como diz – às vezes tenho aquela sensação de que vou passar mal. Perguntei se haveria uma razão concreta para ter tido aquela crise. Em sua opinião, foi após o término do ultimo namoro. ‘’Apaixonei, envolvi como nunca, ela ficou grávida, depois veio o aborto. A partir daí as coisas complicaram. Meu irmão me falava que ela estava me traindo. Perdi a confiança e não tirava ela da minha cabeça. ’’ O relacionamento chegou ao fim e iniciou um novo namoro.

Noutra sessão propus a Regressão Dirigida (RD) de imediato. Vamos fazer uma viagem pelos dias, meses e anos. Janeiro mês de férias, do verão, do calor. Fevereiro mês do carnaval. Março mais longo parece que o ano vai começar verdadeiramente em março. Abril da semana santa, das procissões, da páscoa. Maio mês de Maria, dia das mães. Junho festas juninas, dos forrós, dos quentões, das quadrilhas. Julho férias escolares, como é bom ficar de férias, ir para casa dos tios, brincar com os primos. Agosto dia dos pais. Setembro semana da pátria. Outubro dia das crianças, os foguetes que estouram no ar ao meio dia. Novembro dos finados, daqueles que deixaram saudades e finalmente dezembro, mês das festas, das lojas cheias, papai Noel, amigo oculto, luzes, e a passagem do ano. Ao abrir os olhos, Augusty narra. ‘’adoro musica, gosto de festa, carnaval, viagens, namorar, dirigir qualquer carro ou moto: Sou fã de um bom jogo de vídeo game. Gosto de filmes de comedia, faroeste, policial e aventura. O impressionante é meu pai e minha mãe não fazem nada. Tem dinheiro, mas não aproveitam. Só trabalham. Um fica reclamando do outro. Minha mãe reclama de tudo, ela também tem muito medo. Tem mania de doença. Em casa, só eu, no meio dos dois. Eles brigam o tempo todo, e me usa para dá recado um ao outro.

Nas ultimas sessões, inicia queixando de não estar sentindo bem. Voltou a dormir mal, tem tido taquicardia, solicita a prescrição de um medicamento. Prescrevi Fluoxetina, porém, não tomou remédio. Na última semana matriculou junto com a namorada no cursinho pré-vestibular. Ficou mais animado por voltar a estudar. Passou uma semana melhor, e nada tinha a falar.

Em RD, sugeri que ele deixasse vir à imagem do local do cursinho, os colegas, os horários das aulas, as disciplinas, os professores e descrevesse para mim como estava sentindo. Narra – ‘’de inicio senti meio peixe fora d’água. Os colegas de 17 e 18 anos, eu mais velho. Aí veio outra ideia compensadora, vou estudar e formar em alguma coisa. Sou muito preguiçoso, acomodado. Tenho que sair dessa, trabalhar por conta própria, ter meu próprio dinheiro. Fomos criados, com medo de tomar decisões. Não posso fazer as coisas sem consultar meu pai e minha mãe, e, quando tomo alguma decisão, eles recriminam. Por exemplo, meu irmão morava  em outra cidade, ia casar, meu pai ajudou a comprar metade do apartamento com a namorada. Só que agora eles terminaram o namoro. O outro irmão mora em cima da minha casa. Não foi ele que construiu, foi meu pai. É excesso de proteção. É superproteção. Isto é bom por um lado, eu sinto o carinho deles, mas a gente cresce inseguro.

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É um paciente empenhado, demonstrado pela regularidade, assiduidade e frequência às sessões. Na psicoterapia somar com o terapeuta produz resultados mais rápidos e eficientes. Augusty se esforça, contribui, é o que se pode ser chamado de bom sujeito hipnótico.

A hipnose aplicada pelos recursos de fechar os olhos com o objetivo de diminuir os estímulos externos, aumentar a atenção concentrada em si mesmo.  Sugestão de utilizar o calendário, as datas festivas, feriados prolongados, induzindo lembranças, recordações. O paciente expressou de forma positiva, "adoro musica, gosto de festa, carnaval, viagens, namorar, dirigir qualquer carro ou moto: Sou fã de um bom jogo de vídeo game. Gosto de filmes de comedia, faroeste, policial e aventura".  A hipnoterapia instiga, encoraja, incentiva, incita e desperta as reminiscências saudáveis e otimistas para fortalecer o ego.

A correlação entre a insegurança emocional e a somatização. A insegurança é um estado emocional no qual a pessoa apresenta um sentimento de inferioridade, sentindo que não é bom o suficiente para realizar determinada tarefa ou para ser amada, aceita ou reconhecida. A insegurança traz um sentimento de incapacidade e de não merecimento. A insegurança emocional é resultado do medo: de fracassar, de se frustrar, de desistir, de ser rejeitado, de ouvir críticas, de perder alguém importante (Site: sbie.com.br)  Em hipnose Angusty..."recorda o enorme medo que representava preparar para ira a escola, o simples fato de vestir o uniforme provocava calafrios. Chorava, não queria ir, sentia dores de barriga. Associa as cólicas que sente com a época da escola primária."

Dr. Júlio César de Almeida Barros
Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo.
Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

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