Hipnose - notas, observações, exemplos

Dr. Júlio César de Almeida Barros Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo. Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

Na psicoterapia somar com o terapeuta produz resultados mais rápidos e eficientes. Roberryy é um  paciente empenhado, demonstrado pela regularidade, assiduidade e frequência as sessões. Esforçado e contribui. É o que pode ser chamado bom sujeito hipnótico.

A hipnose aplicada pela sugestão de fechar os olhos com o objetivo de diminuir os estímulos externos e  aumentar a atenção concentrada em si mesmo tende  estado para alterado de consciência e induzir ao transe.  Sugeri à Roberry  que imaginasse o calendário como referência facilitando as recordações.  O hipnoterapeuta na tonalidade voz mais vagarosa e arrastada norteando o paciente ... Você ai sentado nesta cadeira de olhos fechados, imagine, pense naquelas datas festivas, aniversários, casamentos, formaturas, férias, feriados prolongados...veja...sinta... através da sua imaginação... dos seus pensamentos... todos estes momentos que estas datas representam, este momentos vividos em sua vida... Retornando do transe , de olhos abertos Roberry  verbalizou de forma positiva, "adoro musica, gosto de festa, carnaval, viagens, namorar, dirigir qualquer carro ou moto: Sou fã de um bom jogo de vídeo game. Gosto de filmes de comédia, faroeste, policial e aventura".  A hipnoterapia estimula as reminiscências saudáveis e otimistas para fortalecer o ego.

Tudo na vida passa. Na natureza nada se cria tudo se transforma. Conceitos conhecidos e ditados populares de absoluta verdade. No tratamento psiquiátrico é importante os pacientes estarem conscientes em quais fases da vida se encontram e quais transformações estão experimentando.

Reflexão crítica, tomada de consciência, examinar ou analisar fundamentos e razões dos fatos e das vivências deveriam ser encarados naturalmente e até mesmo de forma automática. Infelizmente o mais comum é atuar, fazer e acontecer sem interpretar. Eis a causa de muitas doenças emocionais.

O paciente diz estar sentindo muito deprimido, principalmente depois do falecimento da mãe. Noutros tempos a cultura permitia que as pessoas se sentissem enlutadas. O luto era um processo de elaboração da dor advinda daquela perda afetiva. Tristeza e melancolia eram complementos esperados e respeitados. Atualmente diante da morte de parentes queridos as pessoas não podem manifestar sentimentos nobres de estarem tristes e se a pessoa sentir desanimada e indisposta será catalogada como deprimida.

Neste contexto da morte seria importante o paciente aumentar a capacidade reflexiva. A morte da mãe implicará numa série de mudanças. A maior de todas que provocará uma alteração no modo de funcionar. Somos seres arraigados a condicionamentos e que nos damos mal quando somos obrigados a estabelecer outras rotinas. Quando a mãe estava viva e com saúde a família estava numa outra dinâmica, e a presença da mãe desdobrava em comportamentos já conhecidos por todos os membros da família. A morte da mãe implica em afirmar que a família nunca mais será a mesma. O psiquiatra escuta muito esta frase “depois que minha mãe morreu nunca mais fomos mesmos”.

Então posso falar, explicar ao paciente, em estado de vigília... quero te propor um exercício, que vou chamar aqui de exercício de relaxamento, poderíamos também chamar de hipnose, ou simplesmente estarei lhe convidando a pensar em algumas fases de sua vida, mais especificamente por você ter se referido à morte de sua mãe, ainda que possa parecer difícil, daqui a pouco vou lhe pedir que feche os olhos, eu vou contar de cinco a zero, e a cada número você vai respirar fundo, inspirar e expirar, e então como se fosse um filme que passasse pela sua cabeça, pela sua mente, você vai se lembrar da sua mãe. Podemos começar? E o paciente concorda, eu conto de cinco a zero e o paciente de olhos fechados é estimulado a pensar sobre cada fase da vida dele, na infância, na adolescência, na juventude e agora... no aqui e agora.

 

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