Hipnose aplicada na esquizofrenia associada aos recursos da psiquiatria

Dr. Júlio César de Almeida Barros
Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo.
Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

Caso 01 – Sexo masculino, solteiro, 38 anos de idade, tempo de tratamento dois anos e três meses. Profissão quando da primeira crise, pintor, atualmente inapto para as atividades profissionais recebendo proventos de benefício de auxílio doença do Instituto Nacional de Previdência Social. Escolaridade 2 º Grau.

Queixa principal na crise: Paranoia – as pessoas querem matá-lo. Tentativa de suicídio.

História pregressa de uma internação psiquiátrica, permanecendo oito dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg mais levomepromazina 100 mg  1 comprimido. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de nortriptilina  75 mg 1 comprimido a noite,  penfluridol 20 mg 1 comprimido por semana e trifluoperazina 5 mg, 1 comprimido de 12/12 horas.

Caso 02 – Sexo masculino, casado, 40 anos de idade, tempo de tratamento quatro anos e dois meses. Profissão quando da primeira crise, auxiliar de almoxarifado, depois vendedor, atualmente inapto para as atividades profissionais recebendo proventos de benefício de auxílio doença do Instituto Nacional de Previdência Social. Escolaridade 2 º Grau.

Queixa principal na crise:  Paranoia – a vizinha faz feitiço contra ele. Joga pedra na vizinha.

História pregressa de uma internação psiquiátrica, permanecendo dez dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg mais levomepromazina 100 mg, 1 comprimido e Clomipramina 75 mg 1 comprimido de 12/12 horas. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de risperidona 3 mg 1 comprimido de 12/12 horas. Clomipramina  75 mg 1 comprimido a noite.

Caso 03 – Sexo feminino, solteira, 27 anos de idade, tempo de tratamento quatro anos e cinco meses. Profissão quando da primeira crise, balconista, atualmente inapto para as atividades profissionais recebendo proventos de benefício de auxílio doença do Instituto Nacional de Previdência Social. Escolaridade 2 º Grau.

Queixa principal na crise:  Hipomania – fala e anda sem parar, muito alegre.

História pregressa de seis internações psiquiátricas, permanecendo em média três dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg mais 1 comprimido de Levomepromazina 100 mg. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de Trifluoperazina 5 mg, 1 comprimido de 12/12 horas e Flufenan depot 1 ampola no músculo mensal.

Caso 04 – Sexo masculino, solteiro, 35 anos de idade, tempo de tratamento três anos e três meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 1º Grau Escolaridade.

Queixa principal na crise : Paranoia e pensamento mágico – perseguido pela loja maçônica. Escreve muita poesia, conteúdo abstrato, muita simbologia. Tentativa de suicídio.

História pregressa de duas internações psiquiátricas, permanecendo em média cinco dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg mais  Clomipramina 75 mg,  1 comprimido de 12/12 horas. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de Clomipramina 75 mg,  1 comprimido de 12/12 horas, Penfluridol 20 mg 1 comprimido por semana.

Caso 05 – Sexo feminino, solteira, 43 anos de idade, tempo de tratamento quatro anos e seis meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 1º Grau.

Queixa principal na crise:  Isolamento – não se comunica, não alimenta.

História pregressa de duas internações psiquiátricas, permanecendo em média seis dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg,  Fenobarbital 1 ampola,200 mg/ml,  Levomepromazina 100 mg. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de Penfluridol 20 mg 1 comprimido por semana.

Caso 06 – Sexo masculino, solteiro, 28 anos de idade, tempo de tratamento cinco anos e oito meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 2º Grau.

Queixa principal na crise: Mitomania – imagina e pensa que é filho de megaempresário. Pode comprar tudo.

História pregressa de três internações psiquiátricas, permanecendo em média oito dias hospitalizado. Na crise foi necessária aplicação  Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg,    Levomepromazina 100 mg. O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de Risperidona comprimidos de 2 mg de 12/12 h.

Caso 07 – Sexo masculino, casado, 35 anos de idade, tempo de tratamento dois anos e quatro meses. Profissão quando da primeira crise apontador, atualmente inapto para as atividades profissionais recebendo proventos de benefício de auxílio doença do Instituto Nacional de Previdência Social. Escolaridade 2 º Grau.

Queixa principal na crise: Delírios Místicos – é o salvador do mundo. Vai aos hospitais desligar os soros dos pacientes para salvá-los.

História pregressa de nenhuma internação psiquiátrica. Na crise foi necessária prescrição de tioridazina 200 mg, via oral, comprimido.  O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de tioridazina 100 mg, via oral, comprimido, de 12/12 h.

Caso 08 – Sexo masculino, solteiro, 27 anos de idade, tempo de tratamento quatro anos e quatro meses . Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 1º Grau.

Queixa principal na crise: Delírios cenestésicos – o corpo está cheirando mal, isolamento social, alucinações auditivas.

História pregressa de duas internações psiquiátricas, permanecendo em média três  dias hospitalizado. Na crise foi necessária prescrição Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg,    Levomepromazina 100 mg.  O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de penfluridol 20 mg 1 comprimido por semana mais Haloperidol 5 mg a noite.

Caso 09 – Sexo masculino, solteiro, 23 anos de idade, tempo de tratamento quatro anos e quatro meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 1º Grau.

Queixa principal na crise: Mitomania – pensa e imagina ser amigo do cantor  do  Mickael Jackson e tem poderes de influência.

História pregressa de nenhuma internação psiquiátrica. Na crise foi necessária prescrição Haloperidol injetável, 1 ampola de 1ml/5mg e  Levomepromazina 100 mg.  O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de Trifluoperazina 5 mg, 1 comprimido de 12/12 horas.

Caso 10 – Sexo feminino, solteira, 24 anos de idade, tempo de tratamento seis anos quatro meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 1º Grau.

Queixa principal na crise: Desagregação do pensamento, ansiedade e agitação psicomotora.

História pregressa de nenhuma internação psiquiátrica. Na crise foi necessária prescrição Haloperidol 5 mg, 1 comprimido de 12/12 h.  O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de penfluridol 20 mg 1 comprimido por semana.

Caso 11 – Sexo masculino, solteiro, 21 anos de idade, tempo de tratamento quatro  meses. Nunca trabalhou sendo sustentado pela família. Escolaridade 2º Grau.

Queixa principal na crise: Delírios cenestésicos – o corpo transformando,  o medo de dormir e depressão.

História pregressa de duas internações psiquiátricas, permanecendo em média dois dias hospitalizado. Na crise foi necessária prescrição Haloperidol 5 mg, 1 comprimido de 12/12 h.O tratamento ambulatorial foi mantido com psicoterapia sem emprego dos medicamentos.

Caso 12 – Sexo masculino, casado, 25 anos de idade, tempo de tratamento dois anos e nove meses. Na primeira crise era estudante universitário, concluiu o curso, não exerceu a profissão e aprovado em concurso é funcionário público. 

Queixa principal na crise:  Mutismo, isolamento, ouve vozes e depressão. 

História pregressa de nenhuma internação psiquiátrica.Na crise foi necessária prescrição de Trifluoperazina 5 mg, 1 comprimido de 12/12 horas.O tratamento ambulatorial foi mantido com a prescrição de risperidona 2 mg de 12/12 h.

IV – HIPNOTERAPIA INDIVIDUAL E DE GRUPO

São apresentados alguns dados relevantes que influenciam na abordagem psicoterápica e podem ser considerados favoráveis ou não ao processo de hipnoterapia.  São relatadas algumas reações individuais dos pacientes ao entrar em transe.

CASO 1

Limitação cognitiva e intelectual tende ao raciocínio concreto; os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal. Delírios persecutórios residuais noturnos, especialmente os sonhos (‘’sonho muito com gente querendo me matar’’). Embotamento afetivo, depressivo, falta de iniciativa, descuidado na higiene e no  vestuário.

Participação familiar – vem sempre acompanhado do pai, motorista de táxi. Pai é alcoólatra. Começou a participar do grupo de orientação familiar e ficava só ouvindo. Depois desistiu, prefere ficar aguardando dentro do carro.

Hipnoterapia individual – Nas primeiras sessões, quando propus o exercício de relaxamento principiando pela sugestão de cerrar os olhos o paciente recusava, abria os olhos espantados, com medo e ansioso querendo interromper a consulta. Mais adiante,  no prosseguimento do tratamento,  aceitava a indução ao transe, a regressão dirigida (RD), mas a expressão emocional responsiva era de impassibilidade, frieza e indiferença.  Na hipnoterapia de grupo responde da mesma forma.

  CASO 2

Perdeu o emprego de controlador de estoque em Concessionária da Volks.  Agora é vendedor da Editora Abril. Bom contato social. Tem namorada.

Hipnoterapia individual – não verbaliza espontaneamente. A terapia segue estilo pergunta-resposta. Por outro lado em poucos segundos entra profundamente em transe. No ato de fechar os olhos dá impressão de estar dormindo. No exercício da levitação de braços, houve uma dissociação de tal modo que o braço começou a movimentar espontaneamente enquanto o outro braço ficou suspenso. Abriu os olhos. Perguntei:

- O que está acontecendo?

- Não sei.

Olha para os braços e sorri.

- Porque você não para de movimentar o braço?

- Não consigo.

Dá gargalhadas. Peço para fechar os olhos novamente, quando, então os braço voltam à posição normal. Na seqüência, o pescoço começa ter um movimento involuntário jogando a cabeça para direita aproximando do ombro.

_Você está sentindo o pescoço e a cabeça movimentarem?

_Não. Os meus irmãos dizem que eu faço muito isso em casa ou na rua. Eu não tenho controle.

Posteriormente foi pedido uma avaliação neurológica e nada foi constatado. Com a hipótese de uma acatista neuroléptica foi suspenso o neuroléptico.

Os movimentos do pescoço e da cabeça aumentaram sensivelmente à RD. (Regressão Dirigida).

Participação familiar – pais falecidos, dois irmãos e uma cunhada acompanham o tratamento de perto. Não comparecem ao grupo de orientação familiar. Os familiares gostariam que o paciente tivesse mais iniciativa.

CASO 3

O surto psicótico surgiu após um acidente de moto com traumatismo craniano. Nesta época, usava drogas. Atualmente assintomática evoluindo para receber alta.

Participação familiar – durante a crise, a madrinha era a única pessoa de acesso à paciente. Depois a mãe começou a acompanhá-la. A mãe sempre muito insatisfeita, considerando-se vitima da doença da filha. Por diversas vezes repete ‘’essa menina não tem jeito, só anda em má companhia, quer sair a noite, voltar à qualquer hora’’. Porém, se fica em casa está ruim, porque ela não faz nada. Reclama de tudo. Ao se dirigir a filha, a mãe tem um tom de voz mais hostil, agressivo, ‘’essa menina...’’ dá impressão como se estivesse referindo a um alguém estranho, desprovida de afeto e carinho

Hipnoterapia individual – coopera, entra em RD com facilidade.

Quando a terapeuta não propõe a RD, reivindica – ‘’hoje vai ter relaxamento’’. Seu semblante em RD é calmo e sorridente. Na hipnoterapia de grupo diz para os participantes que eles são ‘’bola murcha, vocês não falam, não riem e não brincam’’. É bonito, simpática e alegre. Está namorando. No dia da consulta é aplicado o Flufenan Depot intramuscular.

 CASO 4 

Apesar de uma fala clara e forte, parecendo ser extremamente seguro dos seus desejos, o discurso é carregado de metáfora, simbolismo que geralmente não chega a lugar algum. Está sempre tentando reportar os delírios de influência, roubo, transmissão ou intrusão de pensamentos, vozes falando na terceira pessoa , ou comentando pensamentos e ações, sempre ligados aos símbolos da loja maçônica. Seu hobby é escrever poesias, na crise faz de formas compulsivas. Não tem relacionamento social.

Hipnoterapia individual – entra em transe com facilidade. Quando o terapeuta narra historias ou metáforas o paciente responde quase de imediato – ‘’estas coisas me faz pensar muito’’. O paciente não participa da terapia de grupo.

Participação familiar – o pai é invalido, fica só de cama, a mãe é depressiva. A irmã acompanha o tratamento e volta a sua atenção somente para os fármacos.

 CASO 5 

Os sintomas são total isolamento social, embotamento da afetividade e humor depressivo.

Hipnoterapia individual – cooperativa, entra bem em transe. O relaxamento funcionou bem de tal modo que a cada sessão fica mais solta. Noto estar mais segura e verbaliza melhor seus sentimentos.

         Participação familiar – excelente. Os pais acompanharam em todas as consultas. Durante uns seis meses o atendimento foi em conjunto com os pais, inclusive com a utilização da hipnose. A evolução da paciente neste período foi excepcional. A terapia familiar foi interrompida em função de acidente automobilístico da mãe. Teve faturas múltiplas e até hoje apresenta seqüelas sem recuperação completa. A mãe está numa cadeira de rodas, a paciente foi gradativamente assumindo as responsabilidades da casa, melhorando ainda mais seu estado de saúde. Atualmente o tratamento evoluiu para um controle semestral.

CASO 6

Atualmente é o mais complicado. Comportamento peculiar acentuado, cheia de pensamentos mágicos. Recusa medicação. As crises aumentaram após um período de dependência de drogas.

Hipnoterapia individual – coloca-se sempre numa posição superior a do terapeuta. Quer terminar o tratamento. Não entra em transe, mantém de olhos abertos. Com disposição de mostrar tudo feito pelo terapeuta está sendo em vão. Sua postura é séria e indiferente.

Participação familiar – pai é pedreiro, trabalha noutra cidade, uma vez por mês vem para casa. A mãe acompanha o tratamento, mas não tem nenhuma autoridade sobre o filho – ‘’acho que o caso do meu filho não vai ter mais jeito’’.

CASO 7

         Evoluiu muito bem. Recebeu alta.

Hipnoterapia – entra em transe. Quando o terapeuta não propõe a RD, reivindica. Aumentou o contato social e começou a namorar. Insiste em querer trabalhar e pode sua alta do INSS.

Na hipnoterapia de grupo verbaliza com facilidade, faz comentários e dá opiniões com espontaneidade.

Participação familiar – o pai não comparece. A postura da mãe é expressa num olhar assustado e desconfiado. Ela demonstra medo do filho e sempre faz questão de lembrar que na crise, ele ficou muito agressivo. Insinua assédio sexual por parte do filho. ‘’Fica jogando indiretas, com brincadeiras bobas e ás vezes tenta me passar a mão’’. O paciente se tornou ativista, Crente, Evangélico da Igreja Quadrangular, no qual a mãe se opõe com veemência.

 CASO 8

Pueril, tudo parece meio automatizado, robotizado, comportamento catatônico. Dá sempre a impressão da persistência dos delírios e alucinações. São vozes, ruídos, alucinações auditivas com comentários sobre seu comportamento, duas ou mais vozes dia dialogando entre si. ‘’Não saio de casa, eu tenho muito medo do que eles vão fazer comigo’’.

Hipnoterapia – às vezes entra em transe, outras vezes não. Numa das sessões começou a suar, tremer e pedir para parar sair da sala, ‘’estou com muito medo’’.

Participação familiar – pai não participa e a mãe é muito conformada.

CASO 9

Parece oligofrênico, ou seria mais adequado afirmar totalmente embotada afetivamente.

Participação  familiar – o tratamento é acompanhado de perto pelo pai, mãe e irmã. Participam  ativamente e regularmente do processo terapêutico.

Hipnoterapia – resistente, fica irritado e aborrecido quando a RD é proposta – ‘’eu não vou fazer este troço, pode parar. Não preciso disto’’.

CASO 10 

                Recebeu alta. Não admite a doença, fica desagregada, não fala coisa com coisa, não consegue terminar uma frase.

Hipnoterapia – não gostava, recusava. ‘’Não preciso disto’’. Levantava a cadeira, andava pela sala, gesticulava e hostilizava o terapeuta.

Participação familiar – o pai teve um papel fundamental. A mãe não aceitava a condição filha ser doente, sabotava o tratamento. O pai foi firme, colocou limite e assumiu a sua autoridade. A paciente evoluiu muito bem. O pai sofreu infarto e veio a falecer. Mesmo após a mote do pai, a paciente continuou bem.

CASO 11

Tratamento durou 4 meses. Na crise, delírios de transformação corporal. Necessidade de olhar no espelho. Experiências perceptivas incomuns em relação ao corpo, achava que tinha uma doença ruim. Só consegue dormir de mãos dadas com a mãe, enquanto o pai vai para outro quarto.

         Hipnoterapia – de inicio não entra em transe. Levantava, andava pela sala. Por último já aceitava sem resistência.

         Participação familiar – comparece a mãe, o pai e a irmã (estudante de psicologia). A mãe é extremamente ansiosa, fala sem parar. No grupo de orientação familiar é a mais questionada pelos outros participantes.

CASO 12 

Totalmente esquisito. O dado relevante é o seu olhar. Olhar vago, fixo que provoca medo no terapeuta. Ao mesmo tempo sorri, sem nenhuma razão. Andar robotizado.

Quando o terapeuta se dirige ao paciente tem a impressão que não foi compreendido. A seguir, fica surpreso com a capacidade de entendimento do paciente e suas colocações, demonstrando um bom nível intelectual.

Hipnoterapia – entra bem em transe. O psiquiatra tem a impressão de nenhum efeito ou eficácia. O paciente não manifesta nenhum sentimento.

Participação familiar – os pais são ausentes.

 

Considerações Finais

Nas sessões individuais, independente da freqüência, são de curtíssimas durações com muito esforço do psiquiatra, chegam a quinze minutos  por sessão. Os paciente sentam a frente do psiquiatra. Os paciente sentam à frente do psiquiatra, passivos. Postura corporal e gestos são robotizados. O olhar é fixo e vago.

Aguardam as perguntas do psiquiatra. As perguntas podem ser mais soltas e abrangentes, podem ser especificas e objetivas, mas as respostas são sempre monossilábicas e curtas. Nesta linha de raciocínio, o psiquiatra está estimulando a verbalização espontânea ou dirigida e a associação livre com ou sem insight.

O psiquiatra sente frustrado, pois não há um retorno. É criado um clima de ansiedade e desconforto recíproco. Há um aumento bilateral da tensão e nada é produtivo e benéfico. E era neste ambiente que o psiquiatra propunha a introdução de medicamentos, aumentando ainda mais a resistência dos esquizofrênicos a fazerem uso dos psicotrópicos.

Os esquizofrênico resistem veemente a fazerem  uso de psicotrópicos, no entanto, o uso contínuo e a aderência são pilares no tratamento da esquizofrenia. Então qual a abordagem psicoterápica que vai favorecer e contribuir para que isto seja alcançado e mais, provocar algumas mudanças internas. Insistir na verbalização e associação livre? Usar psicodrama? Gestalt? Hipnose? Terapia Ocupacional? Outra?

Então, usando a hipnose como uma ferramenta valiosa, pude observar nestes doze casos de pacientes esquizofrêncios:

  1. O psiquiatra habituado a estimular a catarse e a verbalização, era notória a contratransferência. A hipnose possibilitou a transferência.
  2. Todos os esquizofrênicos com o natural embotamento afetivo trazia sempre um humor depressivo. O embotamento afetivo persiste com a hipnose, a depressão desapareceu. Os pacientes estão mais bem humorados.
  3. Eram frequentes as faltas ao retorno e as mudanças de horários. Com a hipnose a aderência ao tratamento chegou quase a 100%.
  4. No inicio do tratamento, durante a crise pós-crise a maioria resistiu ao relaxamento.
  5. Aquela sensação de estranheza e indiferença afetiva persiste com a hipnose.
  6. A inserção social melhorou com a hipnoterapia.
  7. Para sete pacientes o tratamento evoluiu para terapia de grupo. No grupo a hipnoterapia está sendo empregado e não apresentou nada diferente das reações individuais.
  8. A hipnoterapia de grupo é menos desgastante para o psiquiatra.

 

Bibliografia

  1. Itiro Shirakawa – O Ajustamento Social na Esquizofrenia.
  2. Malomar Lund Edelweiss – Com Freud e a Psicanálise de Volta a Hipnose.

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