Hipnose aplicada ao estresse, simplicidade versus complexidade

Dr. Júlio César de Almeida Barros Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo. Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

 

Uma das perguntas mais frequentes de meus pacientes:

- Dr. antes eu era saudável, eu não sofria nada, agora vivo estressado, não durmo, sinto cansado e deprimido. Não gosto de sair de casa e não quero ter contato com ninguém. Por quê?

Esta pergunta remeteria a milhares de respostas. O terapeuta mais perspicaz parteja aproximando da causa mais objetiva, racional, ou subjetiva, inconsciente que estaria provocando o estresse. Conversar, dialogar adentrando no mundo do paciente e as particularidades dele.  A natureza do estresse poderá ser traumática, tenebrosa, avassaladora ou apenas fatos corriqueiros da vida cotidiana, bobagens como dizem alguns.

Quase sempre a pergunta acontece na terapia de grupo, e como no grupo nem sempre é possível esmiuçar, detalhar a singularidade, então procuro responder explicando que somos seres que evoluímos de uma simplicidade para a complexidade.

Quando criança ainda que haja muito sofrimento, na infância para a mente e para o cérebro as elaborações dos conteúdos são simples. Num passo de mágica, a fantasia infantil, o mundo do faz de conta, é um fenômeno extraordinário, que por sua vez, um mecanismo de defesa, sem comparação. O filme a “Vida é Bela” de Roberto Benigni, demonstra com genialidade como uma criança pode ser salva do holocausto, utilizando este recurso, da criação imaginária. Aqui a fantasia é a própria realidade, o sonho é próximo do real.

A infância circunspecta à família é deveras sem compromissos, sem responsabilidades, livre das pressões e das cobranças.  À medida que crescemos da adolescência para adiante, toma lugar o mundo das complexidades. A mola propulsora, a força inspiradora é a busca.  A fantasia se distancia da realidade e o sonho se mescla com a insatisfação pulsional.

Entramos nesta roda viva, diria até certo ponto, no automatismo, nos comportamentos condicionados, nos modelos impostos pela família e pela sociedade, somos desacostumados de pensar e refletir. Existe um roteiro pré-determinado, de quinze anos de idade para frente, estudar e/ ou trabalhar, ganhar dinheiro, adquirir e consumir, ter e ser, mais ter do que ser. Namorar, casar ter filhos, e assim por diante.

Cada passo que avançamos, saímos da simplicidade e adentramos na complexidade. Se antes a criança estava numa escola infantil e agora ela salta para o ensino médio, multiplica as disciplinas, se antes era apenas um professor agora é um professor para cada matéria, aumentou considerável o mundo relacional e as exigências.

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