Ciúme
A paciente é acusada de colocar veneno para o marido. O marido no passado assassinou um homem, pois desconfiava dela estar lhe traindo com este homem.
A mulher separa do marido por ele ser bipolar. O marido não aceita a separação, persegue a esposa, é violento com ela. Foi registrado boletim de ocorrência policial e o marido é preso.
Nos dois casos descritos acima as consequências do ciúme doentio provocam doenças mentais na família. São atitudes irracionais de dois homens e duas mulheres. Características semelhantes nas duas situações a violência.
Era o plantão de psiquiatria, emergência. Quatro filhos, Salomé, João, José, Joaquim, mais duas netas Maria e Bernadete. João apavorado relata o acontecido. Minha mãe colocou chumbinho no suco para meu pai beber. Meu pai ingeriu, passou mal, felizmente não morreu. E agora, o que faço. Vou até a polícia, minha mãe tem que ser presa.
Os demais filhos ponderam. O neto interveio, minha avó é gente boa, ela não seria capaz disto. Joaquim comenta lá em casa o ambiente é tumultuado. Meus pais brigam o tempo todo. Olhando de fora meu pai é calmo, minha mãe é mais agitada. São idosos, minha mãe mais de setenta e meu pai mais de oitenta.
O psiquiatra pergunta:
- Vocês trouxeram sua mãe para consulta?
- Sim, ela está lá fora, no carro. Entramos primeiro, para explicar a situação para o Senhor.
- Pois bem, vamos ouvi-la. Pede sua mãe para entrar.
Dona Zelaide de modo tranquilo, diz não ser doente, pois é equilibrada.
- Nunca precisei de tratamento psiquiátrico.
- O neto, Raimundo, confirma isto é verdade. Frequento a casa dela, e não me queixo. Minha avó é generosa.
O psiquiatra pergunta se é possível aos filhos aguardarem um tempo fora do consultório, na sala de espera, apenas o neto Raimundo permanecesse na companhia da avó. Não colocaram objeção.
- Então D. Zelaide, o que está acontecendo.
- Tenho mais de cinquenta anos de casada, meu marido não é flor que cheire, ele já matou um homem, porque ele morria de ciúme de mim. Faz muito tempo, o temo passa, lá se vai mais de trinta anos. Nesta época ele bebia muito. Atualmente, residimos na mesma casa, mas dormimos em quarto separados, também ele já ultrapassou os oitenta anos.
Indo para o encerramento desta primeira consulta, o psiquiatra solicita novamente a entrada dos filhos, todos estão dentro do consultório. Salomé vai direto ao ponto.
- Doutor o Senhor poderia nos fornecer laudo sobre o estado psiquiátrico de minha mãe.
- Concordo, mas estou conhecendo sua mãe hoje, diante da gravidade da situação necessitarei de mais algumas entrevistas com ela.
- Tudo bem.
- Vou agendar para amanhã, prosseguiremos.
Todos se retiram. Não foi prescrito nenhum medicamento.
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