Hipnoterapia em Grupo- Partejamento + Psicofármacos

Dr. Júlio César de Almeida Barros Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo. Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

Atendimento em grupo. Psiquiatra ao centro, seis cadeiras distribuídas do lado direito e seis cadeiras do lado esquerdo  num desenho equivalente a  figura U,  mais três cadeiras de frente para o psiquiatra, distante, aproximadamente três metros, de modo geral uma sala espaçosa, retangular.

Renny  -  Eu não estava bem, não queria conversar com a minha sogra. Onde ela estava eu evitava. Cismei que ela queria tirar o meu filho de mim. Estou morando com ela. Casei e fui morar com ela. Meu marido é muito agarrado com ela. Agora estou melhor e não é nada disto. Vejo as coisas com outros olhos. Os remédios me ajudaram. Com os medicamentos minha mente voltou ao normal.

João - Não é atoa as piadas sobre sogra. Também briguei com a minha sogra, um dos maiores erros de minha vida ir morar junto com a minha sogra quando casei. Com a desculpa de não pagar  aluguel aceitei morar com a mãe de minha mulher. É aquela estória, tudo vai bem ao início, depois a gente não tem privacidade, bom mesmo, é ter o próprio barraco. 

Albert - Ainda bem que sou solteiro. 

Dr. Júlio - Já diz o antigo ditado, quem casa quer casa.

Luana - O pior de tudo é a invasão da privacidade. Minha sogra é legal. Ela me ajuda. Quando vou trabalhar deixo os meus filhos com ela. Lógico ela como avó passa a mão na cabeça deles. Tenho um casal de filhos. É certo que ela interfere na nossa vida, minha e do meu marido, mas ela me ajuda muito, depois ela é mãe dele, e mãe é mãe. Se ela não ficasse com os meus filhos, quem ficaria?. Como eu poderia trabalhar. No fundo ela quer ajudar, então eu tolero, na verdade, a gente combina e eu só tenho agradecer.

Renny - Eu tenho que ser igual a você,  assim, não me importar, deixar para lá. Agora que tomei os remédios e a minha cabeça está melhor,compreendo. Acho que brigo com ela sem motivos, quem sabe a minha sogra está com a razão.

Ana - Eu também não estou bem, meu sono está muito ruim, não consigo dormir e quando não durmo fico péssima no dia seguinte. Tenho tomado Clonazepam, no início o remédio fazia efeito, então Dr. o senhor vai passar outro medicamento para mim, para ver se eu consigo pegar no sono. A Renny disse que o remédio ajudou a melhorar a cabeça dela, eu preciso dormir, senão no dia seguinte não estou valendo nada.

Rhai - Eu tenho uma sobrinha ela ficou grávida com dezesseis anos, foi um problemão, minha irmã, mãe dela, entrou em depressão, até precisou consultar com o psiquiatra, tomou remédio para depressão. Minha sobrinha, muito jovem, uma criança engravidar, perturbou toda a família. Tem gente que acha normal, eu não acho. Depois dá nisto, casar não pode, se casar vai morar com quem, quem vai sustentar esta criança.

 Dr. Júlio - Vi e escutei todos vocês. São assuntos interligados, mas para uma boa compreensão faz necessário, entendê-los, separadamente, porque o bolo é feito de vários ingredientes. Por isto agora vou propor a vocês aqui neste grupo, nesta terapia de grupo, um exercício de relaxamento. Espero e desejos que todos se sintam confortáveis aí como estão, sentados, nesta cadeira, bem confortável, e o que é mais importante cada um a seu modo e do seu jeito. Então, gostaria que pudessem fechar os olhos, porque de olhos fechados torna-se mais fácil, voltar para dentro, voltar para dentro de si mesmo, e a medida ou na medida em que você fechar os olhos sinta o ar entrando e saindo, respire, respire profundamente, isto, inspire e expire. Inspire... expire. Agora, que você está se permitindo a esta pausa, parar por instante e voltar-se para dentro, quero aproveitar esta oportunidade, mediante o que foi falado agora a pouco, sobre os assuntos que conversamos,  que dialogamos aqui, eu com vocês,  também quando vocês falavam um com os outros, foi quando me veio à mente, quando imaginei, alguém, uma cozinheira, uma dona de casa, que tem a intenção de fazer um bolo. Um bolo de chocolate. Inicialmente, imagino que, pura verdade, que a confeiteira, tenha em mente quais são os ingredientes ou a cozinheira vai consultar um livro de receitas, ela vai ler quais são os ingredientes, ovos, chocolate, manteiga, farinha de trigo, açúcar, fermento, leite. Então...observe..., cada ingrediente tem suas características próprias, particularidades, diferentes um dos outros, os ovos não tem nada haver com o açúcar, o leite nada haver com a farinha de trigo, mas...porém...estes ingredientes quando misturados, na quantidade certa, conforme prever a receita, formarão uma massa saborosa, e o detalhe,  não mais poderão ser separados novamente, uma vez  formado a massa, , se misturam dão liga,  e colocado no forno por um tempo adequado sairá um bolo saboroso, mas ao contrário, se a dona de casa, errar na mão, colocar uma quantidade a mais ou de menos, de algum ingrediente, ou deixar no forno um tempo mais ou a menos, do que necessário, o bolo terá um sabor muito desagradável, para a cozinheira, sensação de frustração e decepção consigo mesmo e com certeza o desprazer para aqueles que pretendem saborear o bolo na hora do café. Agora, neste momento, neste instante vou permanecer em silêncio, por alguns minutos, e você ai confortavelmente de olhos fechados, daqui a pouco volto a lhe falar....(dois minutos) ...isto, isso agora você pode ir abrindo os olhos, ficando bem desperto, bem a vontade. 

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Quando a mente adoece, a percepção está alterada. Grandes partes dos problemas estão relacionadas à convivência.  No caso citado acima,  uma jovem, que se tornou mãe muito cedo, precipitou o casamento. Pelas circunstâncias foram obrigados a morar com a mãe do rapaz. A gravidez precoce adiantou as decisões.

O Professor Malomar Lund Edelweiss  dizia pratique o partejamento. Ciência ou arte do parto.  Arte de partejar que remete a maiêutica . Uma das formas pedagógicas do processo socrático, a qual consiste em multiplicar as perguntas, a fim de obter por indução dos casos particulares e concretos geral do objeto em estudo.

  1. O namoro.
  2. A gravidez inesperada.
  3. O casamento
  4. O parto e o nascimento da criança.
  5. A jovem afasta dos pais e vai morar com a sogra. Privacidade versus interferência.
  6. A jovem adoece: insônia, desenvolve a paranoia, sente confusa e não consegue realizar as atividades de rotina.

Destaque para a primeira intervenção do psiquiatra, prescreveu Venlafaxina e Benzodiazepínico em doses baixas. A paciente relata, “os remédios me ajudaram, com os medicamentos minha mente voltou ao normal”.  Os medicamentos foram vitais para induzir o sono. Dormiu melhor eliminando a cisma. No linguajar popular, coloquial, a expressão,  a pessoa é cismada indica que ela é  desconfiada, que tende achar que algo ruim pode acontecer,  constantemente preocupada, pensando obsessivamente sobre alguma coisa. A insônia persistente altera a percepção dos sentidos, amplificando, bloqueando ou diminuindo, desde uma simples cisma até as ideias delirantes de cunho persecutórios. Quando a pessoa dorme com qualidade, ao acordar a disposição para cumprir as tarefas é maior, humor estável, turbina a produtividade, ajuda na concentração e facilita a memorização. Sente mais calma, tranquila para lidar com os conflitos existenciais.

Na psicoterapia de grupo quando algum paciente profere sobre algum tópico, instiga outra pessoa pensar ou falar algo de si correlacionada ao assunto comentado por aquela pessoa. Renny discorre sobre a angustia existencial,  os outros pacientes, se sentem estimulados à abordar algo referente ao que foi dito por ela. A manifestação do paciente João  prossegue na temática da sogra e acrescenta a possível  intromissão na vida conjugal de Renny.  Renny não havia falado diretamente desta invasão de privacidade,  mas quando relata o atrito com a sogra ela franqueia a todos do grupo a opinar sobre a questão da intimidade e da privacidade. Isto é trivial e acontece com muita frequencia na vida cotidiana de todos nós. Quando alguém conta um caso ou relata uma situação, nós lembramos automaticamente de algo semelhante.

Indução hipnótica, analogia e técnica de utilização.  O Psiquiatra sendo cortês, afável, mavioso, polido num ambiente deleitoso. Os pacientes focalizam e absorvem esta sensação agradável. Fechar os olhos para diminuir os estímulos externos. Voltar-se para dentro aumenta a atenção concentrada em si mesmo. A respiração profunda, inspirar e expirar potencializa o relaxamento. Analogia com o bolo de chocolate comparando os problemas existenciais, utilizando o partejamento correlacionando com os ingredientes, é uma sugestão palatável.

Dr. Júlio César de Almeida Barros
Psiquiatra com 36 anos de experiência clínica e formação em  hipnoterapia individual e de grupo.
Criou e inaugurou o Pronto Atendimento Psiquiátrico em 1987, desde então, adquiriu grande conhecimento e prática em emergências psiquiátricas.

(texto em digitação....)

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